Guedes se afasta de Bolsonaro, curte Rio e diz que política ficou para trás

O ex-ministro da Economia Paulo Guedes não quer mais saber de política. Em conversas com antigos auxiliares e amigos, o posto-Ipiranga de Jair Bolsonaro (PL) tem avisado que tem um “senso de dever cumprido” na vida pública.

 

Com diversos convites para atuar como consultor e alguns contratos de trabalho já acertados, Guedes tem dito que está realizado de voltar à iniciativa privada e “entusiasmado com planos para o futuro”.

 

Desde que deixou Brasília, pouco antes do fim do ano passado, Guedes voltou a morar em seu apartamento no Leblon e tenta adotar uma rotina longe dos holofotes. Escolhe mesas mais reservadas nos restaurantes tradicionais da cidade e muitas vezes trabalha de casa.

 

Todos os dias de manhã caminha pela orla até Ipanema e costuma interagir com trabalhadores e moradores da região. Não é raro senhoras e senhores da elite carioca pedirem fotos com o ministro — mas também alguns trabalhadores das barracas da praia fazem elogios ao ministro.

 

Há algumas semanas, segundo apurou a coluna, na caminhada matinal, o ex-ministro teve que reagir a uma eleitora do presidente Lula (PT), que vindo em sua direção o provocou fazendo um gesto da letra “L” com a mão.

 

Segundo presentes, Guedes titubeou, mas reagiu com certa ironia e respondeu: “ué, o amor venceu o ódio, não é?”.

 

É com esse espírito de deixar a política para trás que Guedes tem tocado a vida. Aos 73 anos, diz a quem encontra que tem a consciência tranquila que fez o melhor que podia. O ex-ministro também se declara “revigorado” e tem dito que o Brasil é uma grande nação e que os governos são passageiros.

 

Sem contato com Bolsonaro

Nos seis meses que cumpriu a quarentena, Guedes falou apenas duas vezes com Bolsonaro. Uma pessoalmente, num encontro que contou com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na sede do governo paulista.

 

Foi uma coincidência. O ex-ministro estava em São Paulo e Bolsonaro também. Guilherme Afif Domingos (PSD), que é muito amigo de Guedes e desde a campanha apoia Tarcísio, ajudou a reunião a acontecer. O clima foi bem cordial, mas sem muita conversa.

 

A outra vez que Guedes conversou com Bolsonaro, segundo assessores do próprio ex-presidente, foi na véspera da votação da reforma tributária.

 

Bolsonaro ficou contra a proposta, chegou a enfrentar Tarcísio publicamente, mas acabou derrotado. Na ligação, Guedes explicou tecnicamente a proposta e lembrou que boa parte dela era defendida no governo.

 

A amigos Guedes diz ter respeito por Bolsonaro, mas admite que nunca fez parte do núcleo de amizade do ex-presidente. Não andava de moto, por exemplo, e evitava palanques.

 

De volta às origens

O ex-ministro tem dito que voltar ao mundo dos investimentos é um retorno às origens. No leque de atuação de Guedes agora está por exemplo a participação no fundo de private equity que o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Gustavo Montezano está montando.

 

O fundo é dedicado a investimentos para jovens empresas que atuem na chamada economia verde, com foco em transição energética e preservação de recursos naturais.

 

Guedes também aceitou o convite do prêmio Nobel Mario Vargas Llosa para integrar a Fundación Internacional para la Libertad (FIL), entidade voltada para a defesa da democracia e da livre iniciativa.

 

Assim como também fez no passado, o ex-ministro também pretende investir no mercado de educação e deve participar de um grupo de investimentos para a área. Guedes foi um dos idealizadores do Ibmec, onde criou o primeiro MBA executivo em finanças. Ele também fez investimentos em grandes empresas do setor, como Abril Educação e Ânima.

 

www.valenoticiapb.com.br – Por Carla Araújo (UOL), Imagem: Daniel Delmiro / AgNews

 

 

 



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