Exportação de açúcar turbina resultados das usinas na safra
Com a escalada do dólar, a exportação brasileira de açúcar ganhou ainda mais competitividade no mercado internacional e garantiu receitas e margens até mais confortáveis no primeiro semestre desta safra (2020/21) do que no mesmo período da temporada passada (2019/20). E isso deve se repetir nesta segunda metade do ciclo.
A receita de todas as usinas de capital aberto com as vendas de açúcar no mínimo dobrou no segundo trimestre, uma vez que as empresas aproveitaram a disparada de preços em reais. Já o faturamento com as vendas de etanol não foi uniforme entre as companhias e só cresceu entre as empresas que redobraram os esforços para exportar o produto, especialmente para a indústria de itens sanitários, também aproveitando o câmbio mais amigável.
No caso da Raízen Energia, maior companhia do segmento, o faturamento com açúcar cresceu mais de nove vezes, para R$ 1,9 bilhão. Além dos embarques do açúcar produzido em suas usinas, a companhia também fortaleceu suas operações de revenda de açúcar produzido por outras empresas, o que dá uma margem menor, mas eleva a escala. Desde o início da safra, os embarques que a empresa realiza de açúcar de terceiros já representa mais de 40% do total.
A Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company (LDC) e uma das maiores do setor no país, quase duplicou sua receita líquida no trimestre, para R$ 2,98 bilhões, um recorde para a companhia, ressaltou o CEO José Juan Blanchard, ao Valor. Desse montante, praticamente 40% foi obtido com as exportações de açúcar, ou R$ 1,2 bilhão – mais que o dobro do obtido no mesmo trimestre do ano passado. Na São Martinho, outra que está entre as maiores do segmento, a receita com os embarques de açúcar também mais que dobrou, para US$ 381,6 milhões, e representou 41% do faturamento do trimestre, que chegou a R$ 925 milhões.
Amparados na desvalorização do real, que já vem sendo aproveitado pelas usinas desde o ano passado para fixações de preço de embarques desta safra, os preços médios do açúcar para exportação subiram de forma a garantir margens bem mais confortáveis no acumulado da safra 2020/21.
Das três empresas com ações na B3, a Raízen Energia obteve o maior médio de açúcar nos dois primeiros trimestres, de R$ 1.425 a tonelada, ante R$ 1.155 um ano atrás. O novo preço ofereceu uma margem mais elevada à empresa, já que o custo de produção de seu próprio açúcar no semestre ficou em R$ 806,6.
Tanto o câmbio foi o grande impulsionador dos resultados que a Adecoagro, listada na bolsa de Nova York e que reporta seus resultados em dólar, teve uma redução de 13% na receita no segmento sucroalcooleiro do trimestre de julho a setembro ante o mesmo período do ano passado, para US$ 112,9 milhões, ao traduzir seus resultados de reais para a moeda americana. Ainda assim, a receita da companhia com as vendas de açúcar cresceu, mesmo em dólares, na ordem de 114%, para US$ 64 milhões.
Os resultados representam um “retorno” do protagonismo do açúcar nos balanços das usinas e traduzem para as empresas os números recorde que o Brasil já vinha apresentando quanto ao desempenho do comércio do produto. De julho a setembro, o valor bruto da produção (VBP) da cana calculado pelo Ministério da Agricultura ficou em R$ 204,5 bilhões, um crescimento de mais de 3,5 vezes em relação ao mesmo período do ano passado.
A receita do setor com exportações de açúcar e etanol foi de US$ 3,1 bilhões, ou R$ 16,7 bilhões pela taxa de câmbio média do período, mais que o dobro das receitas com exportação do mesmo período do ano passado, pela taxa de câmbio da época. Em outubro, o ministério disse que os embarques baterem recorde para um único mês – 4,2 milhões de toneladas, com receita de US$ 1,2 bilhão.
A China, que voltou ao mercado de açúcar – e outras commodities – com mais apetite neste ano, foi o principal destino do adoçante brasileiro no mês, representando US$ 311,7 milhões, ou 26% das exportações. Mesmo a Índia, forte produtora de açúcar, importou US$ 107,8 milhões de açúcar brasileiro, seguida de Bangladesh e Estados Unidos.
Para a segunda metade da safra, os embarques de açúcar foram precificados a valores em geral maiores do que os faturados até agora, o que indica que as usinas terão mais um período de céu de brigadeiro para transitar.
Das três empresas na B3, a São Martinho é a que tem os maiores preços médios de fixação, equivalentes a R$ 1.432 a tonelada até o fechamento do segundo trimestre. O preço deve favorecer margens ainda melhores, já que no primeiro semestre a companhia aumentou sua margem de produção de açúcar em 17 pontos com um preço médio de R$ 1.243 a tonelada.
A possibilidade de preços ainda melhores na segunda metade da safra têm sido oferecida pela recuperação mais recente das cotações do açúcar. Isso permitiu à Adecoagro, que opera em dólares, obter até o fim de setembro um preço médio de hedge para o açúcar desta safra de US$ 271 a tonelada – 5% acima dos preços médios obtidos nas vendas da primeira metade da safra. Fonte: Grupo Idea
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